A Creator Economy, ou Economia dos Criadores, representa uma transformação na forma como as pessoas produzem, distribuem e monetizam conteúdo por meio das plataformas digitais. Impulsionada pelo crescimento das redes sociais e pela democratização do acesso à internet, essa economia emergente tem proporcionado novas oportunidades de trabalho e empreendedorismo para milhões de pessoas ao redor do mundo.

De acordo com dados da Influency.me, o número de influenciadores digitais no Brasil cresceu 67% entre março de 2024 e março de 2025, saltando de 1,2 milhão para 2 milhões de criadores de conteúdo. Esse crescimento expressivo posiciona o país como um dos líderes globais nesse setor, evidenciando o papel central que os influenciadores desempenham atualmente.

Além disso, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de tempo diário dedicado às redes sociais, conforme dados da DataReportal, o que reforça o potencial e a relevância do mercado brasileiro na Creator Economy.

O impacto econômico dessa nova dinâmica é igualmente significativo. Segundo estudo realizado pela Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV ECMI) em parceria com a plataforma Hotmart, o setor gerou mais de 389 mil ocupações diretas e indiretas no Brasil nos últimos 12 meses, representando um crescimento de 30% em relação ao ano anterior.

Os números demonstram como a Creator Economy não apenas redefine as formas de produção de conteúdo, mas também contribui substancialmente para a geração de emprego e renda no país.

Contudo, como “pessoas comuns” podem fazer parte de uma economia que, muitas vezes, parece restrita a grandes influenciadores? Quem compartilha as dicas e o caminhos é Gabriel Lira (capa), Cofundador da Comu, comunidade educacional feita para criadores de conteúdo que querem viver do que produzem.

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RH Pra Você: Para começarmos o papo, como a Comu se posiciona dentro deste mercado tão em alta da Creator Economy? Como vocês atuam no desenvolvimento dos influenciadores?

Gabriel: Nós somos facilitadores para que as pessoas consigam transformar o seu conteúdo em renda. A monetização dessa produção não é só para os grandes influenciadores digitais. Segundo pesquisas, como da FGV, pessoas comuns podem ganhar, em média, até cerca de R$ 2,5 mil mensais. É uma grande oportunidade de mercado.

A profissionalização envolve cursos técnicos, mentorias, encontros, diferentes formas de ensino para capacitar esse público.

RH Pra Você: O que diferencia um influenciador que, de fato, conseguirá ter conteúdos monetizados e mais profissionais dos produtores de conteúdo amadores?

Gabriel: A produção de conteúdo, hoje, está muito mais comoditizada. Quem está começando consegue produzir vídeos de boa qualidade em casa, com um tripé e um telefone. Não é preciso um equipamento de topo. Mas quando você vai aumentando o seu público e alcance, consequentemente as melhorias técnicas também virão junto.

Aqui na Comu temos um treinamento de 80 horas. Elas são divididas em aulas semanais. Ele é feito exatamente para que as pessoas dêem o start. Na nossa comunidade – com mais de 2 mil criadores –, você tem trocas com pessoas que já vivem essa realidade, que entendem os desafios e sabem quais são as recompensas.

O primeiro passo para alguém se tornar um criador de conteúdo é definir o seu nicho. Ou seja, definir qual é o assunto de domínio, de prazer em falar. As pessoas conseguem ser mais naturais naquilo que elas são boas, no que gostam de fazer. Ou até mesmo falar sobre situações vividas, o que pode ajudar outras pessoas que lidam com cenários ou problemas semelhantes.

A nossa missão, então, é ajudar as pessoas a fazerem disso o ponto de partida para a sua produção, para que sigam subindo degraus.

RH Pra Você: E como integrar as pessoas a essa economia?

Gabriel: Apenas 1% dos influenciadores ganha o dinheiro que os grandes influenciadores que nós seguimos recebem. Para ter isso como uma profissão principal ou renda extra, há, além da produção, o contato com as marcas, as pontes para a construção de relacionamentos e a inserção nas comunidades.

Quando as pessoas entendem os caminhos que podem seguir, podem vender conteúdos comprados pelas marcas. É o que chamamos de UGC (User Generated Content – Conteúdo Gerado por Usuário). E quando você se profissionaliza, melhora ainda mais a produção, o alcance e amplia o interesse pelo seu conteúdo. Há muito potencial a ser explorado, não é preciso ser, por exemplo, uma Virgínia.

A tendência é que nos próximos meses haja uma aceleração ainda maior da monetização neste mercado.

RH Pra Você: Gabriel, e como vocês atuam para levar esse mercado a pessoas que não se sentem capazes de ganhar dinheiro com ele por conta de dúvidas em relação à própria criatividade, pouco alcance atual em suas redes, entre outros fatores? E como dosar as expectativas de quem está começando?

Gabriel: Criatividade é treino. Eu te garanto que se um criador gravar 100 vídeos, o centésimo estará muito melhor que o primeiro. É necessário ter disciplina e coragem para gravar o primeiro vídeo, o segundo, o terceiro. E pode ser um processo que leva tempo.

Citando um grande influenciador, mas não para criar grandes expectativas e sim para exemplificar um cenário, o Whindersson Nunes passou dois anos no YouTube sem público, praticamente. Portanto, a criatividade se desenvolve conforme vai sendo treinada.

Na comunidade nós falamos disso, do plantar primeiro para colher depois. É muito importante ter disciplina e motivação para começar. Dentro da Comu, você encontrará muitos produtores de conteúdo que estão buscando sempre melhorar, subir degraus, superar desafios. É um trabalho conjunto entre essa comunidade para que todos tenham sucesso. Há toda uma metodologia, inclusive para auxiliar no planejamento e no fluxo das gravações.

Encontrar um nicho, publicar com frequência e manter a motivação mesmo sabendo que os primeiros vídeos podem ter poucas curtidas e acessos, é o tripé para começar bem. E conforme os números vão aumentando, também surgem mais opções para você monetizar o seu trabalho.