Nos últimos anos, muito se falou sobre o Burnout. Ele virou tema de palestras, políticas internas e rodas de conversa. Mas enquanto o termo ganhou projeção e até reconhecimento pela OMS como uma síndrome ligada ao trabalho, outras doenças mentais continuam crescendo silenciosamente, à sombra dos discursos de produtividade e alta performance.

A verdade é dura: doença mental nas empresas não é só o Burnout. A ansiedade, a depressão e até comportamentos suicidas estão mais presentes do que se imagina, e muitas vezes invisíveis aos olhos de lideranças despreparadas e culturas organizacionais que ainda preferem premiar o “colaborador resiliente” a acolher o ser humano em sofrimento.

Quando o sofrimento entra na empresa

A ansiedade não escolhe cargo. A depressão não respeita metas. E o suicídio não espera uma reunião de feedback para dar sinais. Em ambientes onde a pressão é constante, o senso de urgência é crônico e a vulnerabilidade é vista como fraqueza, o corpo e a mente gritam – e muitas vezes não são ouvidos.

Não são raros os relatos de profissionais que vivem um luto interno diariamente: pela perda de sentido no trabalho, pelo esgotamento emocional, por relações tóxicas com seus líderes ou colegas. Pessoas que, mesmo entregando resultados, sentem que já não têm mais nada a dar. Algumas pensam, inclusive, em tirar a própria vida.

Esse é um tema difícil, incômodo e que muitos preferem evitar. Mas precisamos ter a coragem de olhar para isso de frente. Ignorar é negligência. Silenciar é cumplicidade.

O papel da empresa: da cultura ao cuidado

Responsabilizar a empresa não significa culpá-la por todos os males. Mas sim reconhecer que ela tem influência direta na saúde mental de seus colaboradores. Modelos de gestão, políticas de reconhecimento (ou a falta delas), estilos de liderança, carga de trabalho, incentivo à competição nociva, ausência de escuta ativa e de canais de apoio são todos fatores que compõem o ambiente psicossocial de uma organização.

Por isso, não basta uma semana da saúde mental com palestras motivacionais. É preciso criar uma cultura de cuidado contínuo.

Algumas perguntas provocativas para líderes e RHs:

  • As metas da sua empresa permitem que alguém peça ajuda sem medo de punição?
  • Seus líderes sabem identificar sinais de sofrimento emocional em suas equipes?
  • Existe algum protocolo interno para lidar com riscos de suicídio?
  • Há espaço seguro para conversas difíceis?
  • Os gestores recebem formação sobre escuta empática e saúde mental?

Se a resposta for “não” para a maioria dessas questões, o risco silencioso está instalado e nenhuma campanha de setembro Amarelo vai dar conta sozinha.

Caminhos possíveis (e urgentes)

  1. Formação de lideranças para acolhimento, identificação precoce de sinais e atuação adequada;
  2. Redes de apoio internas, com psicólogos, canais de escuta e fluxos de encaminhamento claros;
  3. Ambiente de trabalho seguro emocionalmente, onde vulnerabilidade não seja punida;
  4. Gestão humanizada de metas e feedbacks, que considere a saúde integral da pessoa;
  5. Cultura organizacional voltada ao bem-estar e não apenas ao resultado.

Porque o custo de não fazer nada é a vida

Esse não é um tema que dá para empurrar com a barriga. A saúde mental no trabalho precisa sair das cartilhas e entrar nas decisões estratégicas. Cuidar de pessoas é cuidar do negócio. E isso passa, necessariamente, por encarar a complexidade da dor emocional no ambiente corporativo mesmo quando ela não tem nome bonito, mesmo quando ela é incômoda.

Vamos conversar sobre isso?

Se você é líder, RH, ou se sente responsável por construir ambientes mais humanos, compartilhe este artigo e leve esse diálogo adiante. Alguém pode estar precisando justamente dessa conversa.

Profa. Dra. Fátima Motta, Sócia-Diretora da FM Consultores. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação. 

Consciência Emocional é o maior desafio para os humanos seres que somos. É ela que nos diferencia dos animais e, pela dificuldade de construí-la, talvez seja o que gera maior problema nos relacionamentos, sejam eles profissionais ou pessoais.

As palestras, programas, treinamentos e mentorias que desenvolvemos têm sempre como objetivo fornecer ferramentas, metodologias e caminhos, para que você possa lidar com suas emoções de forma a gerenciá-las, criando e mantendo relacionamentos saudáveis, bem como tomando decisões acertadas.

Venha conhecê-las! WhatsApp ou no Site.