Parece exagero, mas a verdade é que o impacto das finanças pessoais no desempenho profissional é maior do que muitos gestores imaginam. Segundo o relatório “Employee Financial Wellness Survey 2023”, da PricewaterhouseCoopers, cerca de 33% dos funcionários admitem que as preocupações financeiras afetam negativamente sua produtividade.

E não para por aí: funcionários financeiramente estressados chegam a gastar três horas da semana de trabalho lidando com problemas de dinheiro, tirando o foco das suas responsabilidades.

O resultado? Menor engajamento, menos motivação e uma visão de futuro cada vez mais limitada. Apenas 54% desses funcionários conseguem enxergar um futuro promissor na empresa onde estão, comparado a 69% dos que não têm estresse financeiro. Quando as contas apertam, é inevitável que a cabeça foque mais no problema do que na solução.

A saúde financeira impacta diretamente a saúde mental, emocional e, consequentemente, profissional. Ou seja, não cuidar desse problema pode aumentar a rotatividade e prejudicar o ambiente de trabalho a longo prazo.

Com base nisso, me juntei à Associação Brasileira de Recursos Humanos de Santa Catarina (ABRH-SC) e à Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) para desenvolvermos o “Projeto Bem-Estar Financeiro na Empresa”, uma iniciativa que aplica conceitos da ciência financeira para ajudar os colaboradores a gerenciar suas finanças de forma prática e eficaz.

Esse projeto oferece ferramentas e treinamentos para que as lideranças ajudem seus times a lidar com as questões financeiras para que eles desenvolvam uma relação mais saudável com o dinheiro. Assim, podemos mostrar que pequenas mudanças nos hábitos financeiros podem reduzir o estresse e trazer mais equilíbrio – tanto no ambiente de trabalho quanto na vida pessoal.

Promover saúde financeira é mais do que uma simples iniciativa, é uma estratégia que pode impactar diretamente os resultados da empresa. Colaboradores que conseguem administrar bem suas finanças pessoais tendem a ser mais focados, criativos e engajados, pois, sem o peso do estresse financeiro, a mente fica mais livre para lidar com as demandas do dia a dia. Esse alívio emocional também diminui o risco de erros e torna a tomada de decisões mais assertiva, além de contribuir para a redução de problemas relacionados à saúde mental e física, como insônia, ansiedade e outras doenças que podem ser agravadas pelo estresse.

Além disso, empresas que se comprometem com o bem-estar financeiro dos seus funcionários tendem a construir um ambiente de trabalho mais saudável e colaborativo, onde os talentos são valorizados e retidos com mais facilidade. Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, oferecer programas de bem-estar financeiro se torna um diferencial, visto que, profissionais tendem a optar por empresas que se preocupam com seu desenvolvimento integral.

Quando os colaboradores percebem que a empresa está interessada em seu bem-estar além do âmbito profissional, isso fortalece a confiança e o vínculo entre empregado e empregador. Isso aumenta o engajamento, gera maior lealdade e cria uma cultura organizacional mais positiva. Esse cenário também contribui para uma menor rotatividade de funcionários, reduz custos e melhora a conexão das equipes.

Em resumo, a saúde financeira está diretamente ligada ao sucesso da sua empresa e investir no bem-estar dos colaboradores gera resultados que todo mundo ganha. Quando você cuida do seu time, o retorno vem em forma de produtividade e um ambiente corporativo mais saudável e colaborativo.

Thiago Godoy , mestre em educação financeira pela FGV-SP e fundador da Papai Financeiro. Atuou como Head de Educação Financeira da XP. Palestrante internacional e 2x TEDx Speaker. É o autor do best-seller “Emoções Financeiras”. É uma das Colunistas do RH Pra Você. O conteúdo desta coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.