A crise do WeWork não reflete o futuro do Real Estate Corporativo
É muito evidente quanto o panorama corporativo tem passado por transformações profundas, especialmente no que diz respeito ao espaço de trabalho. A ascensão dos escritórios flexíveis – uma tendência que já vinha se consolidando no Brasil e no mundo – ganhou novos contornos de sua importância e eficácia, refletindo uma mudança imprescindível no mercado imobiliário corporativo ou do Real Estate Corporativo.
Entre 2023 e 2024, foi possível observar um crescimento notável de 30% no número de escritórios flexíveis em nossa base. Este aumento vem acompanhado de um ressurgimento das atividades presenciais mais recorrentes, com um salto de 47,2% no número de empresas que retornaram aos coworkings no mesmo período.
Reação pós-pandemia
Este movimento não é apenas uma reação ao pós-pandemia, mas um reflexo de uma mudança fundamental na forma como as companhias abordam o conceito de espaço de trabalho.
A evidência desse fenômeno é clara. Temos percebido uma quantidade recorde na realização de eventos empresariais, com um crescimento impressionante de 256% no número de atividades em 2024, como também uma expansão significativa nas regiões de São Paulo, Belo Horizonte e Recife – consideradas as principais potências nesta frente.
Esse crescimento ressalta o papel crucial que os espaços flexíveis desempenham na adaptação às necessidades dinâmicas das empresas modernas, sendo para trabalhar ou para reunir uma grande quantidade de pessoas.
Força da crise
Mas, frente a tantos resultados positivos, por que a crise do WeWork se destaca tanto dentro do setor?
Apesar de sua popularidade inicial, a empresa vem enfrentando desafios significativos, evidenciados pela inadimplência crescente e pela dificuldade de sustentar seu modelo de negócio.
Em contraste a este cenário, de acordo com o Censo Coworking 2024, os espaços de escritórios flexíveis têm demonstrado uma robustez e uma capacidade de adaptação, com um aumento de 20% no número de empreendimentos no Brasil e uma expansão global notável.
Setor em crescimento
Outros dados recentes do Censo Coworking 2024 são reveladores: nosso país já conta com quase três mil espaços, em sua maioria concentrada em capitais de inovação como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. E para mim essa é uma resposta direta às ineficiências e limitações dos modelos tradicionais.
Não só isso, mas a análise da economia proporcionada por esse modelo mostra um potencial significativo para redução de custos e aumento da eficiência. Em cidades como São Francisco e Londres, por exemplo, as taxas de desocupação de escritórios fixos aumentaram consideravelmente, evidenciando a necessidade maior de adaptabilidade.
Escritórios de alto padrão estão vazios
Dados divulgados pela SiiLA revelam que quase um quarto dos escritórios de alto padrão em São Paulo permanecem vazios, um indicativo claro de que o mercado está se movendo em direção a alternativas mais econômicas e eficientes.
Fica cada vez mais claro que esse formato está se consolidando como uma solução não apenas para os desafios imediatos impostos, mas como uma mudança estrutural no mercado imobiliário corporativo.
A flexibilidade, a eficiência e a capacidade de adaptação desses espaços estão moldando uma nova era no ambiente de trabalho, onde a transformação é não apenas necessária, mas inevitável.
As empresas que reconhecem e adotam esta mudança estarão melhor posicionadas para enfrentar o futuro e prosperar em um mundo em constante evolução.
Por Marco Crespo, formado em Engenharia pela Universidade Estadual de Campinas e MBA em Harvard, atuou como CEO Brasil, Latam e EUA no Gympass, agora Wellhub. Também conta com passagens pela Yalo, Instituto Ayrton Senna e Boston Consulting Group. Como investidor e conselheiro de empresas early stage, já aportou em diversas startups. Em 2023, se juntou ao time de fundadores como sócio e COO da Woba, maior rede de escritórios flexíveis da América Latina.
🎧 Ouça o Episódio 180 do Podcast RH Pra Você Cast – Tendências para o Mundo do Trabalho em 2024
A cada ano que passa, mais voltamos para o “velho normal”? Neste episódio, exploramos as tendências para o mundo do trabalho em 2024. Enquanto alguns colaboradores resistem a abandonar o trabalho híbrido ou o home office, muitas organizações anseiam pelo retorno ao “velho normal” – a jornada 100% presencial. Será que o “novo normal” está perdendo força?
A Resistência ao Home Office e ao Trabalho Híbrido
Apesar das mudanças, muitos colaboradores preferem manter o trabalho híbrido ou remoto. No entanto, empresas estão pressionando pelo retorno total aos escritórios. Essa resistência cria um cenário de incertezas e adaptações.
Insights Valiosos de Luciana Carvalho
Luciana Carvalho, CEO e Fundadora da Chiefs.Group, compartilha insights valiosos sobre essa questão. Ela também traz alertas importantes para gestores que buscam entender e adaptar-se às novas tendências do mercado de trabalho. Não perca!
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