Atualização da NR-1: não é questão de opinião, é lei! E agora as empresas que relativizavam saúde mental vão ter que acordar
NR-1 finalmente coloca a saúde mental dos colaboradores no centro das responsabilidades empresariais. Por muito tempo, vimos algumas empresas tratarem esse tema como algo supérfluo, uma “pauta de RH Nutella” ou “coisa de quem não aguenta pressão”.
Criou-se uma narrativa perigosa e, muitas vezes, cruel, de que falar sobre esgotamento, ansiedade ou sobrecarga era sinônimo de fraqueza, apesar dos números alarmantes no país. Em 2024, registramos o maior número de afastamentos do trabalho por problemas de saúde mental em uma década, evidenciando a urgência dessa mudança.
Com a atualização da NR-1, que passa a valer em maio, essa postura negligente deixa de ser apenas um problema cultural e passa a ser um descumprimento legal. Porque agora não é mais sobre opinião, é lei! A nova redação da Norma Regulamentadora nº 1 determina que as empresas devem adotar medidas reais para prevenir riscos psicossociais no ambiente de trabalho, incluindo:
- Avaliação de fatores que afetam a saúde mental dos colaboradores, como excesso de carga, metas abusivas, assédio e insegurança organizacional;
- Implementação de ações preventivas e não apenas reativas;
- Inclusão de fatores psicossociais nos treinamentos de segurança do trabalho;
- Responsabilidade objetiva das empresas sobre o impacto dessas questões na saúde dos trabalhadores.
Em outras palavras: não dá mais para fingir que não viu. O que antes era tratado como um “favor” ou “benefício extra” passa a ser obrigação legal.
Cultura tóxica agora tem nome e consequência
Sabe aquele chefe que grita com todo mundo, impõe jornadas exaustivas e ainda diz que está “formando casca”? A empresa que normaliza mensagens fora de hora, cultiva a cultura do medo e cobra sem dar suporte? Pois é.
Agora, tudo isso entra na conta como risco ocupacional e a cultura organizacional entra no radar da fiscalização. E, mais do que isso: a saúde emocional e o bem-estar dos trabalhadores passam a ser atribuições diretas da gestão e da liderança.
Ou seja, quem ocupa cargos de gestão precisa ser treinado e preparado para não contribuir com o adoecimento das equipes, e sim com a proteção.
O que as empresas precisam entender (e rápido)
Não dá mais para terceirizar o cuidado, empurrar o problema para o setor de RH ou oferecer uma meditação no app e achar que está tudo resolvido. A atualização da NR-1 exige que as organizações olhem com seriedade para o que está adoecendo as pessoas. E, muitas vezes, essa resposta está dentro da própria cultura da empresa. É hora de rever:
- Modelos de gestão baseados no medo;
- Políticas que incentivam excesso de trabalho como sinônimo de mérito;
- Ambientes que silenciam queixas e normalizam o sofrimento;
- Líderes que confundem autoridade com autoritarismo.
A boa notícia é que cuidar da saúde mental não é só uma obrigação legal, é também uma estratégia inteligente de negócios. Equipes saudáveis produzem mais, se engajam mais e permanecem por mais tempo. E, acima de tudo, preservam o que há de mais importante: a dignidade de quem trabalha.
Essa atualização da NR-1 vai fazer a pauta de saúde mental estar em foco o ano todo, e não só no Setembro Amarelo. É preciso criar ambientes seguros o ano inteiro, ir além do discurso e fazer acontecer no dia a dia.
Por Rennan Vilar, diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.
🎧Ouça o Episódio 181 do Podcast RH Pra Você Cast:
“A Saúde dos Trabalhadores Está em Risco?”
A abordagem das empresas em relação à saúde dos colaboradores traz otimismo. Inegavelmente, desde a pandemia, o bem-estar e a qualidade de vida passaram a ser assuntos obrigatórios nas organizações para que elas se mantenham competitivas.
A Prática é Tão Positiva Quanto o Debate?
Contudo, será que a prática é tão positiva quanto o debate? Com efeito, segundo uma pesquisa recém-realizada pela Alice, ainda identificamos muitos gaps que precisam ser corrigidos.
Pesquisa da Alice Revela Gaps na Saúde dos Trabalhadores
Para falar mais sobre o estudo e também a respeito do cenário da saúde do trabalhador para 2024, batemos um papo com Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice. Assim sendo, confira abaixo:
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