Liderança Híbrida no mundo dinâmico: entre a pragmática e a realidade irreversível

O trabalho híbrido tornou-se uma realidade inevitável, mas a discussão sobre seu impacto ainda está longe de ser concluída. Por um lado, há quem enxergue esse modelo de forma positiva, como uma oportunidade de promover maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, além de aumentar a produtividade. Por outro, cresce o desconforto nas empresas, que muitas vezes tentam, sem sucesso, resgatar a dinâmica anterior, evidenciando desafios de liderança híbrida no gerenciamento de equipes neste novo cenário.

No centro dessa discussão está uma constatação prática: quem sempre teve bom desempenho entrega resultados, independentemente do local em que trabalha. O mesmo vale para aqueles que já demonstravam menor produtividade e engajamento.

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O trabalho remoto não criou essa diferença — apenas tornou mais evidente. Para os líderes, esse é o verdadeiro desafio. O problema não é a localização, mas sim a capacidade de envolver, medir e orientar as equipes de maneira eficaz, garantindo que a flexibilidade não prejudique o desempenho.

Liderança híbrida e o desafio do trabalho flexível: regras e propósito

Muitas empresas estão agora tentando reverter o modelo híbrido, mas enfrentam resistência. Percebem uma perda de cultura evidente, resultado da redução do contato diário, das conversas espontâneas nos corredores e da vivência da identidade organizacional. A dificuldade em atrair e reter talentos também se tornou crucial.

O mercado já não encara o trabalho remoto como um benefício, mas como um padrão. Obrigar as equipes a retornar integralmente ao escritório pode gerar um efeito contrário ao esperado: aumento da rotatividade e diminuição do engajamento.

Parte do problema está na confusão entre trabalho remoto e flexibilidade. Muitas empresas adotaram o modelo híbrido sem estabelecer regras claras, criando um ambiente onde cada colaborador interpreta a política à sua maneira. Flexibilidade não significa ausência de estrutura, nem simplesmente flexibilização de horários.

Cabe às lideranças definir diretrizes que garantam equilíbrio entre a autonomia individual e as demandas do negócio. A clareza é fundamental: se os colaboradores não entendem o que se espera deles, a empresa corre o risco de prejudicar a produtividade e o espírito de equipe.

Outro ponto crítico é a percepção sobre o papel do escritório. Para alguns, ele ainda é um espaço essencial para colaboração e inovação. Para outros, representa apenas um retorno a deslocamentos desnecessários e a um modelo ultrapassado.

O desafio das organizações é transformar o escritório em um local com propósito, onde a presença seja relevante e não imposta. Obrigar as equipes a comparecer sem um objetivo claro só aumenta a resistência ao modelo presencial e reforça o presenteísmo.

Comunicação intencional e o papel da liderança no modelo híbrido

A comunicação no modelo híbrido também exige ajustes. Os líderes precisam ser mais intencionais na forma como interagem com as equipes, garantindo que todos se sintam incluídos e alinhados, independentemente do local de trabalho.

A proximidade não pode depender da casualidade e deve ser construída por meio de processos bem definidos, reuniões produtivas e momentos estruturados de compartilhamento. Sem isso, corre-se o risco de criar uma cultura de informação desigual, onde aqueles que estão fisicamente presentes têm mais acesso a oportunidades e decisões.

Sabemos que a solução não é retornar ao modelo 100% presencial, mas encontrar um novo ponto de equilíbrio. Para os líderes, isso significa adaptar a forma de comunicação, medir desempenho e construir uma cultura de engajamento e responsabilidade.

Além disso, é necessário criar momentos de interação intencional, manter uma gestão próxima e garantir que as equipes se sintam conectadas ao propósito e aos objetivos da empresa.

Liderança híbrida eficaz no cenário do trabalho flexível

O trabalho híbrido gerou uma transformação estrutural no mercado de trabalho, e as empresas que resistirem a essa mudança correm o risco de ficar para trás. O verdadeiro desafio da liderança não é decidir entre trabalho remoto ou presencial, mas assegurar que, independente do formato, as pessoas permaneçam motivadas, produtivas e alinhadas com a estratégia organizacional.

O trabalho híbrido veio para ficar, mas seu sucesso depende da capacidade das empresas de superar a nostalgia do modelo presencial e focar no essencial: a entrega de valor. O escritório deve ser compreendido como um espaço para colaboração, onde a presença tenha sentido e não seja imposta. O desafio é aprender a liderar com mais eficácia nesse novo contexto

liderança_foto da autora

Por Catarina Quintela, director of Corporate Solutions na Porto Business School. Desenvolver as pessoas, para desenvolver as organizações e os negócios é o que me move profissionalmente. Temas aos quais se dedica: “Aprender a aprender” , “Liderança”, “Coaching” e “Accountability”. Atualmente, lidera uma equipe que tem a missão de desenvolver soluções para dar respostas aos desafios atuais e futuros das empresas e organizações. Artigo publicado originalmente no site Human Resources Portugal.



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A cada ano que passa, mais voltamos para o “velho normal”?

No episódio mergulhamos nas tendências que moldam o mundo do trabalho neste ano. Enquanto alguns colaboradores resistem a abandonar o trabalho híbrido ou o home office, muitas organizações anseiam pelo retorno ao “velho normal” – a jornada 100% presencial. Mas será que o “novo normal” está perdendo força?

O Debate: “Velho Normal” versus “Novo Normal”
  • Trabalho Híbrido e Home Office: A resistência persiste. Com efeito, alguns colaboradores adoram a flexibilidade do trabalho remoto, enquanto outros anseiam pelo ambiente do escritório. Então, como equilibrar essas preferências?
  • Organizações e a Busca pelo Equilíbrio: As empresas estão reavaliando suas estratégias. Mas, o que é mais eficiente? Em seguida, o retorno total ao escritório ou uma abordagem híbrida? Como resultado, Luciana Carvalho, CEO e Fundadora da Chiefs.Group, compartilha insights valiosos.
  • Alertas para Gestores: Além das questões de formato de trabalho, Luciana destaca outros desafios que os gestores enfrentam. Em suma, como manter a produtividade, a saúde mental e a conexão entre equipes?

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