Liderança em tempos de mudança: é preciso adaptar, colaborar e inspirar
Se olharmos para o passado, liderar costumava ser uma tarefa linear, pois o líder planejava, traçava metas e distribuía tarefas. Assim, os ciclos de mudança eram mais espaçados, permitindo que a adaptação ocorresse de forma gradual. No entanto, o que vemos hoje é uma era de volatilidade.
As mudanças vêm de todos os lados – algumas previstas, outras completamente inesperadas. É como se o líder estivesse sempre navegando por águas turbulentas, sem mapa nem bússola.
Então, como se preparar para o imprevisível?
Primeiramente, acredito que o líder moderno precisa desenvolver uma mentalidade adaptativa. Isso vai além de apenas ser flexível. Com efeito, estamos falando de uma verdadeira transformação de pensamento, onde a mudança não é temida, mas abraçada. Para isso, o líder precisa estar em constante aprendizado.
E não estou falando apenas sobre aprender novas ferramentas ou tecnologias – é sobre entender as dinâmicas humanas, comportamentais e emocionais que estão por trás das mudanças. Afinal, 70% da variação no engajamento de uma equipe é influenciada pela liderança, segundo estudo da Gallup.
Uma mentalidade adaptativa envolve a capacidade de desaprender. Um bom líder hoje deve estar disposto a questionar práticas e ideias que antes eram vistas como inquestionáveis.
Por exemplo, nos acostumamos com a ideia de que liderança significa controle. Mas, em tempos de mudanças constantes, o controle absoluto é uma ilusão. A liderança eficaz agora reside na capacidade de influenciar e inspirar, em vez de ditar ordens.
No entanto, cerca de 40% dos líderes dizem não se sentir preparados para lidar com mudanças. Pelo menos é isso que aponta um levantamento realizado pela Olivia, consultoria especializada em processos de transformação organizacional.
Sobre o maior desafio no processo de mudança, o engajamento é apontado como o principal, com 16%, seguido pela agilidade e adaptabilidade (14%) e comunicação (13%).
A liderança centrada nas pessoas
Outro aspecto crucial é a liderança centrada nas pessoas. Em tempos de incerteza, o que mais se destaca são os relacionamentos. O verdadeiro líder é aquele que consegue criar um ambiente de segurança psicológica, onde a equipe se sente encorajada a experimentar, errar e aprender com os erros.
Isso significa que, ao invés de focar somente em resultados, o líder precisa estar atento ao bem-estar da equipe, compreendendo que pessoas são o centro da mudança.
Quando nos conectamos genuinamente com os membros da equipe, estamos cultivando confiança e em um mundo onde tudo está em movimento, a confiança é a âncora que mantém a equipe coesa. Além disso, ao fomentar a autonomia e a criatividade, o líder oferece às pessoas a chance de se tornarem agentes da mudança, em vez de meros espectadores.
A comunicação como ferramenta chave
Com as constantes transformações, a comunicação se torna uma ferramenta indispensável. Contudo, a comunicação em tempos de mudança deve ser transparente e empática.
A incerteza naturalmente gera medo, e cabe ao líder utilizar a comunicação para mitigar esses sentimentos.
Quando falo sobre transparência, não estou sugerindo que o líder tenha todas as respostas – e isso é algo que, como líderes, devemos admitir com mais frequência. Não há problema em dizer “eu não sei”. O que é essencial é que haja um diálogo aberto, onde a equipe sinta que está sendo ouvida e que suas preocupações estão sendo levadas em consideração.
Além disso, a comunicação precisa ser constante. Em tempos de mudança, o silêncio pode ser interpretado como omissão ou incerteza por parte da liderança, o que só aumenta a ansiedade da equipe. O líder deve estar presente, mesmo que apenas para garantir que todos saibam que estão caminhando juntos para enfrentar os desafios.
A liderança colaborativa
Por fim, é impossível liderar sozinho em tempos de mudanças. A liderança colaborativa ganha uma nova relevância. O conceito de um único líder tomando todas as decisões está ultrapassado. Hoje, mais do que nunca, a diversidade de perspectivas é essencial para navegar em um cenário complexo.
Isso significa que o líder deve se abrir para a co-criaçãocom a equipe. Decisões colaborativas não são um sinal de fraqueza, mas de sabedoria. Envolver a equipe no processo decisório fortalece o sentimento de pertencimento e alinha os esforços em direção a objetivos comuns.
A colaboração também não se limita à equipe interna. O líder moderno deve estar constantemente em contato com outras lideranças, em uma rede de apoio e troca de conhecimento. Em tempos de mudanças, ninguém tem todas as respostas, mas juntos, podemos encontrar caminhos mais eficazes.
É assim que vejo a liderança hoje: uma arte em constante evolução, onde o único caminho é seguir aprendendo, transformando e, acima de tudo, inspirando.
Por Valéria Oliveira, especialista em desenvolvimento de líderes e gestão da cultura.
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