Caráter: A base essencial para a vida e a liderança
Uma das melhores definições de caráter que conheço é aquela que o apresenta como aquilo que somos, mesmo – ou sobretudo – quando ninguém está vendo. É a nossa essência, nossas raízes, nosso âmago.
Essa ideia se baseia em um princípio que valorizo muito: o que é errado não deixa de ser errado só porque todos o fazem, assim como o que é certo continua sendo certo mesmo que ninguém esteja fazendo.
É comum dizer que ninguém é melhor que ninguém, mas a verdade é que algumas pessoas se destacam pelo seu caráter, enquanto outras apenas pela falta dele.
Caráter. Boa índole. Ser uma boa pessoa. Essas qualidades valem para tudo na vida e, ainda mais, para a liderança.
A liderança é uma combinação poderosa entre estratégia e caráter, como defendeu Norman Schwarzkopf. E, se algum dia precisarmos abrir mão de um desses requisitos, que seja da estratégia – sem dúvidas.
Caráter: A base indispensável para uma liderança exemplar
Já escrevi sobre isso e considero como uma condição sine qua non. Repito em quase todas as minhas intervenções: para mim, só pode e só consegue ser um bom líder quem é, intrinsecamente, uma boa pessoa, alguém com bom caráter. Ponto final.
Não é possível que uma pessoa de má índole seja ou se torne um bom líder. Isso é simplesmente impensável. Pessoas de má índole nunca serão bons líderes.
Podem até alcançar resultados ou reunir algumas características de liderança. Porém, é certo que deixarão muito a desejar no que se refere às suas decisões, práticas ou comportamentos. Esses aspectos os farão não ser desejados e muito menos seguidos.
Pessoas assim geralmente não medem esforços para atingir seus objetivos, sacrificando coisas ou pessoas como parte do seu modus operandi.
Essa é, no fundo, uma questão de bem contra o mal: o bem que todos valorizam e buscam, e o mal que todos evitam.
Bons líderes se destacam pelo caráter e personalidade, o que lhes garante mais seguidores fiéis, prontos para acompanhá-los em qualquer batalha. Afinal, ninguém segue ou idolatra alguém cuja integridade seja questionável.
Liderança: inspirar corações, não apenas obediência
O raciocínio é simples: um líder de excelência deve ser, antes de tudo, uma boa pessoa.
Liderar não é ter pessoas que obedecem, mas sim corações que seguem. Esse poderia ser o lema de uma liderança exemplar, baseada no caráter, como a liderança que chamo de “Cisnes Negros da Liderança” – líderes raros, mas extremamente poderosos e diferenciados. Um sonho para muitos, uma realidade abençoada para poucos.
Um líder se destaca primeiramente pelos seus traços de personalidade. Diga-me como lidera e eu direi quem você é.
Por isso, acredito e defendo que um bom líder deve ser, antes de qualquer outra coisa, uma boa pessoa.
Mas atenção: ser uma boa pessoa pode não ser suficiente para ser um bom líder. Isso deixa a pessoa mais próxima de alcançar essa posição, mas não garante que ela se tornará um líder de excelência. É meio caminho andado, mas não completo.
Já o oposto, como já observei, é sim uma garantia: pessoas de má índole nunca serão líderes que deixam saudades ou que inspiram os outros a segui-las “livremente”.
Acredito que essa questão está entre os maiores e mais persistentes problemas organizacionais.
Isso se torna ainda mais relevante diante da crescente ênfase nas pessoas e no seu bem-estar.
Liderança de Excelência: intangível, inspiradora e necessária
É verdade que ainda há poucos – muito poucos – líderes que personificam a teoria de uma liderança de excelência nas organizações (os Cisnes Negros). Contudo, é positivo notar algum esforço para mudar o “status quo”.
É um bom esforço, mas que de nada adianta se ficar apenas nas intenções.
Sem caráter, a liderança perde sua essência! Perde emoção! Perde personalidade! Desaparece…
Liderança é, então, uma questão de caráter, de personalidade e de emoção.
Trata-se de influência e inspiração, e não de comando e controle. É sonho e liberdade (com responsabilidade), e não listas de tarefas e autoritarismo.
Liderança é algo mais “intangível”, relacionado à importância da visão e dos objetivos subsequentes. A tal emoção ou à falta dela.
Se quisermos modificar ou melhorar a liderança, é por esse caminho que devemos seguir e apostar. É uma necessidade fundamental.
Caráter: o alicerce de uma liderança de excelência
Afinal, se a liderança de excelência é associada a requisitos como comunicação, empatia, cuidado genuíno com os outros, altruísmo e emoções, dificilmente alguém que não seja uma boa pessoa será bem-sucedido.
Jean de La Bruyère escreveu que “os cargos de liderança tornam os grandes homens ainda maiores, e os pequenos homens ainda menores.”
Frances Hesselbein, especialista em liderança, segue a mesma linha ao afirmar que “os líderes existem para tornar eficazes os pontos fortes das pessoas e irrelevantes suas fraquezas.”
Também me recordo da afirmação de Charles Dickens: “há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos, mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes.”
Inspirado por Camões, escrevi nos Cisnes Negros da Liderança: “líderes fracos tornam fracas equipes fortes.”
Todas essas observações validam o ponto central: um bom líder é, antes de tudo, uma pessoa de caráter!
Por Ricardo Caldeira, especialista em Liderança, autor dos livros “Cisnes Negros da Liderança” e “Ao Coração da Liderança”, host do Projecto “Lago dos Cisnes… Negros – conversas poderosas sobre Liderança”. Edição revista/aumentada do texto inicialmente publicado em 2025 pela RH Magazine.
🎧 Ouça o episódio 149 do Podcast RH Pra Você Cast:
“Líder, já colocou a empatia no seu currículo?“
Empatia na Liderança: acima de tudo desenvolva Essa Habilidade Essencial
Busque uma Gestão Humanizada
Assim, no episódio 149, vamos explorar a pergunta: “Líder, já colocou a empatia no seu currículo?”. Pois à medida que o perfil das lideranças passa por transformações, a empatia emerge como uma habilidade-chave, também fundamental para a motivação de colaboradores. Mas o que realmente significa ser um profissional empático na prática?
Desvendando a Empatia
Conversamos com Vivian Laube, Especialista em Liderança e Comportamento Organizacional, e Priscila Monaco, Diretora Senior de RH da Visa, para entender como desenvolver essa habilidade essencial. Analogamente, a pandemia e os períodos de crise também destacam a importância das soft skills no ambiente corporativo.
O Papel do RH na Cultura Empática
Descubra como o RH pode contribuir para que a empatia faça parte da cultura da empresa e para a motivação de colaboradores. Em outras palavras, acompanhe essa discussão inspiradora e aprenda a fortalecer sua liderança com empatia.
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