Sobre a inclusão profissional

A inclusão profissional de pessoas autistas deve acontecer não por força de lei, mas por suas capacidades acima da média.

O presidente da República sancionou a lei que promove a ampliação da contratação de pessoas autistas por meio da integração da base de dados, além de outras iniciativas como ações de sensibilização.

Esta lei, aprovada sem vetos, chega para aumentar a integração de pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) no mercado de trabalho, oferecendo ainda melhores condições de acessibilidade.

Medida deve ser celebrada

Certamente, trata-se de uma medida que deve ser celebrada. Porquanto não só incentiva esta mobilização, mas também é um passo importante no sentido de mostrar aquilo que já sabemos. Isto é, pessoas neurodiversas com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), AH/SD (Alta Habilidade/Superdotação) e TEA (Transtorno do Espectro Autista), ao chegarem ao mundo do trabalho, possuem desempenho diferente da média.

Transição Carreira

Há desafios, claro, mas isso é para todo mundo. Afinal, eles não devem ser vistos como barreiras para esses profissionais, que tem tudo para se desenvolver e muito contribuírem para a diversidade de visões de uma organização.

A lei aprovada se originou do projeto de lei (PL) 5.813/23. Segundo o senador responsável pelos relatórios na Comissão de Direitos Humanos (CDH) e Plenário da Casa, ainda não alcançou a concreta inserção das pessoas com transtorno do espectro autista no mercado de trabalho.

Transformação do atual panorama

No entanto, esta iniciativa tem tudo para transformar o atual panorama, tendo em vista que a nova lei também prevê a integração do Sistema Nacional de Cadastro da Pessoa com Espectro Autista (SisTEA) ao Sistema Nacional de Emprego (Sine), que é responsável por divulgar e intermediar a contratação de empregadores e candidatos.

É preciso ressaltar, porém, que o mundo do trabalho não deve se abrir apenas por força de lei. O primeiro passo para auxiliar o pleno desenvolvimento de profissionais com essas características é tentar eliminar os vieses inconscientes, já que a pessoa neurodiversa, assim como a diversidade funcional, pode ter um grau leve, moderado ou alto.

Compreensão é crucial

Compreender o nível desse indivíduo é fundamental para determinar quais expectativas poderão ser cumpridas no ambiente laboral. Não adianta querer que uma pessoa com TEA seja um grande comunicador ou um relações públicas, porém essa mesma pessoa pode ser um excelente programador ou realizar com maestria outra atividade que requeira hiper foco.

Além disso, é preciso realizar a capacitação desse colaborador. Muitos não têm nenhuma chance no mercado de trabalho e isso os coloca em condição de desigualdade.

Agora, com a lei, é necessário não só o cumprimento, mas, mais do que isso, é preciso acreditar no potencial humano. Uma pessoa neurodiversa pode apresentar resultados extraordinários, ela só precisa de uma oportunidade.

Engajamento e, principalmente, acolhimento

Engajamento e acolhimento são fundamentais e jamais devem ser confundidos com capacitismo. Veja, a busca pelo diagnóstico e adequação de indivíduos neurodiversos no ambiente de trabalho é uma preocupação que deve crescer a cada dia nas organizações.

Isso não deve se ater apenas a vertical social do ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança), deve se expandir para a atitude de cada um de nós como membros de uma comunidade que deve ser, de fato, inclusiva.

As empresas não podem mais se darem ao luxo de trabalhar com achismos e velhos preconceitos relacionados a este assunto.

Se a sociedade quer tornar os ambientes de trabalho cada vez mais agradáveis e eficientes, é necessário aumentar significativamente a atenção aos neurodiversos, acolhendo, auxiliando e expandindo o mundo do trabalho para todos.

Inclusão Profissional de Autistas_foto do autor

Por Valmir de Souza, COO da Biomob, é especialista em acessibilidade e inclusão. Empresário, Palestrante, Consultor. Mais de 10 anos de experiência em projetos de acessibilidade arquitetônica, digital e comportamental para Empresas e Prefeituras.

 

 


🎧Ouça o Episódio 181 do Podcast RH Pra Você Cast: “A Saúde dos Trabalhadores Está em Risco?”
Introdução

A abordagem das empresas em relação à saúde dos colaboradores traz otimismo. Desde a pandemia, o bem-estar e a qualidade de vida passaram a ser assuntos obrigatórios nas organizações para que elas se mantenham competitivas.

A Prática é Tão Positiva Quanto o Debate?

Contudo, será que a prática é tão positiva quanto o debate? Segundo uma pesquisa recém-realizada pela Alice, ainda existem muitos gaps a serem corrigidos.

Pesquisa da Alice Revela Gaps na Saúde dos Trabalhadores

Para falar mais sobre o estudo e também a respeito do cenário da saúde do trabalhador para 2024, batemos um papo com Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice. Confira abaixo:

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