O relatório Work Trend Index 2025, da Microsoft, trouxe à tona uma preocupação que precisa ser discutida com seriedade pelos líderes de pessoas. IA no escritório tem sido uma ferramenta poderosa para revolucionar a produtividade, mas também tem contribuído para uma crescente antissociabilidade no ambiente corporativo.
A pesquisa revelou que trabalhadores estão recorrendo à IA para evitar interações humanas — seja por medo de julgamento, desconforto social ou para garantir crédito individual. Em um contexto onde colaboração e comunicação são ativos organizacionais essenciais, esse é um alerta que não podemos ignorar.
Como CHRO, percebo que o uso da IA como “barreira relacional” expõe uma contradição preocupante. Investimos em ferramentas digitais para empoderar talentos e liberar seu potencial criativo, mas corremos o risco de criar ambientes de trabalho mais solitários e fragmentados.
A substituição de conversas genuínas por interações com agentes digitais, ainda que eficientes, pode corroer a cultura de pertencimento que tanto defendemos como fator-chave para o engajamento e a retenção.
IA no escritório impacta produtividade e relações humanas
O relatório da Microsoft aponta que 17% dos profissionais utilizam a tecnologia para evitar julgamentos, enquanto 16% preferem usá-la para escapar de conflitos diretos. Esses números, embora aparentemente pequenos, indicam uma tendência que pode se amplificar rapidamente. A conveniência de contar com uma “ajuda invisível” disponível 24/7 não pode nos fazer esquecer que empatia, colaboração e aprendizado interpessoal são habilidades humanas que nenhuma tecnologia substitui.
Por isso, a responsabilidade da liderança de RH é dupla: fomentar o uso inteligente e ético da IA, ao mesmo tempo em que reforçamos a importância das interações humanas no ambiente de trabalho. Isso significa criar políticas que incentivem o diálogo, a colaboração presencial e a construção de confiança entre equipes — sem demonizar a tecnologia, mas equilibrando seu papel com práticas que preservem a essência do trabalho em equipe.
A Microsoft prevê que estamos entrando em uma era de “organizações operadas por inteligência artificial e lideradas por humanos”. Concordo, mas ressalto: sem uma liderança consciente, corremos o risco de que as máquinas não apenas automatizem tarefas, mas também silenciem relações. Nossa missão, como gestores de pessoas, é garantir que a IA seja uma aliada da colaboração humana — e não sua substituta.
O futuro do trabalho não será apenas digital; será, sobretudo, humano. Em meio à transformação tecnológica, cabe a nós, líderes de RH, criar espaços onde a inteligência artificial potencialize o melhor da inteligência emocional e onde a inovação caminhe de mãos dadas com o fortalecimento dos laços interpessoais.
Por Marcello Amaro, CHRO da P3, uma plataforma de gestão de pagamentos para mais de 2000 empresas da América Latina.
🎧 Inteligência Artificial (IA): Deve Mesmo Preocupar-nos?
No episódio 158 do RH Pra Você Cast, intitulado “IA: a preocupação deve mesmo existir?”, discutimos um tema que tem gerado debates acalorados: o desenvolvimento das inteligências artificiais. Em março de 2023, veio a público a informação de que cerca de 2.600 líderes e pesquisadores do setor de tecnologia assinaram uma carta aberta solicitando uma pausa temporária nesse desenvolvimento. O argumento central é que as IAs podem representar um “risco para a sociedade e a humanidade”. Surpreendentemente, até Elon Musk, um dos maiores entusiastas da tecnologia, também assinou o documento.
Visões Contrastantes: Otimismo vs. Preocupação
Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, diverge desse movimento de cautela em relação às IAs. Para o doutor em Inteligência Artificial, a evolução dessas tecnologias é tão natural quanto o crescimento que elas podem impulsionar. Ele argumenta que, ao longo da história, a humanidade sempre enfrentou mudanças disruptivas, e a IA não é exceção. A questão, portanto, é como nos adaptamos e aproveitamos essas transformações.
Legitimidade das Preocupações
Mas será que as preocupações em torno das IAs são legítimas? A perda de empregos é frequentemente apontada como um risco iminente. No entanto, também devemos considerar os benefícios potenciais: automação de tarefas repetitivas, diagnósticos médicos mais precisos, otimização de processos industriais e muito mais. Ainda há muito a aprender sobre o impacto real das IAs em nossas vidas.
O Desconhecido e o Potencial Inexplorado
Por fim, o que as IAs podem fazer por nós que ainda não compreendemos totalmente? Talvez estejamos apenas arranhando a superfície de suas capacidades. À medida que avançamos, é crucial manter um olhar crítico e otimista, buscando equilibrar os riscos com as oportunidades.
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