A transformação digital, impulsionada pela inteligência artificial, exige mais do que investimentos em tecnologia—demanda preparo estratégico das lideranças. No entanto, a IA nas empresas ainda enfrenta desafios significativos, como aponta um estudo global da Cisco, realizado com mais de 2.500 líderes empresariais.
Esse estudo expõe uma contradição preocupante: apenas 2% se sentem plenamente preparados para implementar a IA nas empresas de forma abrangente, embora 80% planejem expandir seu uso nos próximos meses. A discrepância entre intenção e capacidade nunca foi tão evidente.
Desafios e estratégias para adotar IA nas empresas com sucesso
Por trás do entusiasmo com a inovação, existe um déficit silencioso de conhecimento. Cerca de 74% dos CEOs admitem não dominar o assunto o suficiente para orientar suas equipes ou questionar decisões estratégicas. Mesmo aqueles que compreendem os benefícios da automação ainda operam no escuro, travando iniciativas mais ambiciosas.
Essa falta de preparo gera um paradoxo: enquanto as empresas correm para modernizar processos e explorar novas oportunidades, falta clareza sobre como fazer isso de forma segura e eficiente. O estudo aponta que 54% dos entrevistados temem perder competitividade se demorarem a agir, o que tem levado muitas companhias a investir sem uma estratégia clara, guiadas mais pela pressão do mercado do que por um plano bem estruturado.
Além da falta de familiaridade com conceitos mais avançados, como os modelos generativos, ainda pouco compreendidos pela maioria, há desafios práticos que dificultam a adoção em larga escala. A escassez de talentos especializados, as limitações na infraestrutura tecnológica e as preocupações com segurança de dados aparecem entre os principais obstáculos.
Não à toa, mais da metade dos executivos teme que essa defasagem técnica comprometa o desempenho dos negócios no médio prazo. Essas questões reforçam a necessidade de estratégias bem definidas para integrar a IA nas empresas de forma eficiente.
Requalificação e liderança na era da IA nas empresas
Diante desse cenário, o desenvolvimento interno de competências surge como um caminho viável. O relatório mostra que 61% das lideranças pretendem investir na requalificação de suas equipes, enquanto 51% buscam aprimorar habilidades já existentes. Essa mudança é essencial para que a IA nas empresas deixe de ser apenas uma promessa e se torne parte do dia a dia operacional, gerando valor real e sustentável.
Chegou a hora de repensar o papel das lideranças na era digital. Em vez de apenas delegar, gestores precisam se envolver mais profundamente nas transformações que desejam promover. Compreender os fundamentos da inteligência artificial não é mais um luxo, mas uma necessidade para liderar com responsabilidade e visão de futuro. O maior risco hoje não é tomar uma decisão errada, mas não saber quais perguntas fazer.
Por Andre Purri, CEO e cofundador da Alymente. É Formado em Administração de empresas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
🎧 Inteligência Artificial (IA): Deve Mesmo Preocupar-nos?
No episódio 158 do RH Pra Você Cast, intitulado “IA: a preocupação deve mesmo existir?”, discutimos um tema que tem gerado debates acalorados: o desenvolvimento da IA no mercado de trabalho. Em março de 2023, veio a público a informação de que cerca de 2.600 líderes e pesquisadores do setor de tecnologia assinaram uma carta aberta solicitando uma pausa temporária nesse desenvolvimento. O argumento central é que as IAs podem representar um “risco para a sociedade e a humanidade”. Surpreendentemente, até Elon Musk, um dos maiores entusiastas da tecnologia, também assinou o documento.
Visões Contrastantes: Otimismo vs. Preocupação
Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, diverge desse movimento de cautela em relação às IAs. Para o doutor em Inteligência Artificial, a evolução dessas tecnologias é tão natural quanto o crescimento que elas podem impulsionar. Acima de tudo, ele argumenta que, ao longo da história, a humanidade sempre enfrentou mudanças disruptivas, e a IA não é exceção. A questão, portanto, é como nos adaptamos e aproveitamos essas transformações.
Legitimidade das Preocupações
Mas será que as preocupações em torno das IAs são legítimas? A perda de empregos é frequentemente apontada como um risco iminente. No entanto, também devemos considerar os benefícios potenciais: automação de tarefas repetitivas, diagnósticos médicos mais precisos, otimização de processos industriais e muito mais. Em suma, ainda há muito a aprender sobre o impacto real da IA no mercado de trabalho e em nossas vidas.
O Desconhecido e o Potencial Inexplorado
Por fim, o que as IAs podem fazer por nós que ainda não compreendemos totalmente? Talvez estejamos apenas arranhando a superfície de suas capacidades. Desse modo, à medida que avançamos, é crucial manter um olhar crítico e otimista, buscando equilibrar os riscos com as oportunidades.
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