Por muito tempo, a Inteligência Artificial (IA) foi vista como algo do “futuro”, algo distante e exclusivo de profissionais de tecnologia. Um tema para engenheiros de dados, desenvolvedores, startups e empresas do Vale do Silício. Mas o futuro chegou — e ele é agora. A IA já está aqui, presente nas nossas rotinas mais básicas, e ignorá-la neste momento pode ser um risco estratégico para qualquer profissional. Sim, qualquer um. Especialmente para quem trabalha com pessoas.

A verdade é que a IA já é um requisito, e não apenas para quem é de tech.

Se você atua em Recursos Humanos, liderança ou gestão, a Inteligência Artificial já deve fazer parte do seu vocabulário. Além disso, quem trabalha com desenvolvimento de pessoas e cultura organizacional precisa entender seu impacto.

Por outro lado, qualquer área que envolva tomada de decisão se beneficia dessa tecnologia. Assim, mais do que conhecimento teórico, é essencial aplicar a IA nas ações práticas do dia a dia.

“Mas, eu não sou da área de tecnologia e nem entendo muito sobre IA!”

Essa é uma das frases que mais ouço em rodas de conversa sobre o futuro do trabalho. A crença de que a IA é algo técnico, inatingível, reservado a quem “fala código” é um dos grandes mitos que ainda precisamos derrubar.

Deixe-me trazer uma comparação: você lembra de quando o Excel era considerado um diferencial no currículo? Hoje, é pré-requisito. O mesmo está acontecendo com a Inteligência Artificial. Saber o mínimo — como utilizar uma IA generativa, como interpretar dados que ela entrega, como validar o que ela sugere — se tornará, em pouco tempo, tão comum quanto saber escrever um e-mail.

A diferença? Quem aprender antes, sai na frente. E quem resistir demais, pode acabar ficando para trás.

O que é, afinal, saber usar IA no RH?

Saber usar IA no RH não significa dominar programação. Significa compreender o potencial dessas ferramentas e aplicá-las de forma estratégica para gerar valor às pessoas e ao negócio. É usar a IA para:

  • otimizar processos seletivos, automatizando triagens curriculares e análises de perfil;
  • realizar avaliações de desempenho com base em dados comportamentais e históricos;
  • monitorar o clima organizacional de forma contínua e com inteligência preditiva;
  • sugerir trilhas de aprendizagem e desenvolvimento personalizadas para cada colaborador;
  • automatizar tarefas operacionais repetitivas, liberando tempo para ações mais humanas e estratégicas;
  • criar descrições de cargos mais assertivas, com base em benchmarkings e dados do setor;
  • produzir conteúdos de endomarketing, comunicados internos e materiais de onboarding com agilidade.

Em outras palavras: é permitir que a tecnologia cuide da operação, para que o humano cuide de gente.

“Mas e o risco de sermos substituídos por máquinas?”

Esse medo é legítimo — e muito comum. Afinal, mudanças geram inseguranças. Mas aqui está a diferença entre os profissionais que vão prosperar na nova era e os que vão apenas reagir a ela: a IA não vai substituir quem entende de pessoas. Vai substituir quem não sabe usar a IA como apoio.

A IA ainda precisa — e sempre precisará — do fator humano. De quem faz as perguntas certas, filtra, analisa e interpreta. De profissionais que conectam dados à cultura, ao contexto e às emoções. E é aí que entra o novo papel do RH.

O RH do futuro (que já é presente)

Durante muito tempo, o RH foi visto como uma área operacional. Depois, como um setor de apoio. Agora, é hora de assumirmos o protagonismo. O RH do presente (e do futuro) é estratégico, digital, analítico e, ao mesmo tempo, profundamente humano.

O uso da Inteligência Artificial não desumaniza o RH. Pelo contrário: nos ajuda a ter mais tempo, dados e clareza para fazer o que realmente importa — desenvolver pessoas, cuidar de gente, criar cultura e impulsionar transformação.

Mas para isso, precisamos abandonar velhos paradigmas. Deixar de lado o “sempre fizemos assim”. Superar o medo da tecnologia e adotar uma postura de curiosidade, de aprendizado contínuo.

5 passos práticos para começar hoje

Se você quer trazer a IA para a sua rotina — e ainda está no começo dessa jornada — aqui vão cinco ações práticas para iniciar de forma leve, segura e com impacto:

1. Teste uma IA generativa

Comece por uma ferramenta como o ChatGPT. Peça ajuda para criar um e-mail de recrutamento, elaborar uma política interna ou estruturar um roteiro de feedback. Experimente. Teste. Se surpreenda.

2. Busque capacitação

Há cursos gratuitos e acessíveis sobre IA para profissionais de RH. A Udemy, a Alura, o LinkedIn Learning e até o Sebrae já oferecem trilhas específicas para esse público.

3. Use a IA como apoio, não como verdade absoluta

Sempre revise o que for gerado. Ajuste à realidade da sua empresa. A IA é uma excelente colaboradora, mas ainda precisa da nossa validação crítica e humana.

4. Compartilhe com sua equipe

Mostre para o time as ferramentas que está usando, promova momentos de troca e aprendizado coletivo. Criar uma cultura digital começa pelo exemplo.

5. Tenha clareza ética

O uso da IA também envolve responsabilidade. É essencial garantir a privacidade de dados, respeitar vieses e adotar práticas transparentes.

O que você ganha com isso?

Maior eficiência. Melhor velocidade. Novos insights. Total protagonismo

A IA não é sobre fazer mais com menos. É sobre fazer melhor com inteligência.

E se você quer ser reconhecido como um RH inovador, estratégico e conectado ao que realmente transforma empresas e pessoas, essa é a hora.

Não se trata de modismo. Trata-se de evolução. E como em toda evolução, quem se adapta lidera. Quem resiste, corre o risco de desaparecer.

Humanização + Tecnologia = o verdadeiro diferencial

Sempre deixo isso claro: tecnologia não é inimiga da empatia. O uso da IA só se torna perigoso quando ela é usada de forma cega, automática e descolada da realidade humana. Mas se usada com consciência, ela é ponte — e não barreira.

A IA pode ser nossa aliada para criar ambientes mais saudáveis, personalizados, seguros e inclusivos. Pode ajudar a identificar padrões de exclusão, de esgotamento, de desigualdade. Pode apontar caminhos. Mas somos nós, humanos, que vamos decidir qual trilha seguir.

E agora?

Agora é com você.

Se você chegou até aqui, já deu o primeiro passo: o de estar aberto ao novo.

Minha dica? Não espere a empresa exigir. Aprenda antes. Teste antes. Seja referência.

O mercado está valorizando profissionais que unem inteligência emocional à inteligência artificial. Além disso, destaca-se quem sabe lidar com dados — e com pessoas. Por outro lado, é essencial conciliar tecnologia e humanização. Assim, quem compreende máquinas — e histórias — ganha vantagem competitiva.

IA_foto da autoraPor Mirella Mentora, especialista em Gestão da Felicidade, Compensação e Benefícios e Liderança Humanizada. Objetiva criar ambientes de trabalho saudáveis, inclusivos e produtivos, onde cada indivíduo possa prosperar.

 



🎧 Inteligência Artificial (IA): Deve Mesmo Preocupar-nos?

No episódio 158 do RH Pra Você Cast, intitulado “IA: a preocupação deve mesmo existir?”, discutimos um tema que tem gerado debates acalorados: o desenvolvimento da IA no mercado de trabalho. Em março de 2023, veio a público a informação de que cerca de 2.600 líderes e pesquisadores do setor de tecnologia assinaram uma carta aberta solicitando uma pausa temporária nesse desenvolvimento. O argumento central é que as IAs podem representar um “risco para a sociedade e a humanidade”. Surpreendentemente, até Elon Musk, um dos maiores entusiastas da tecnologia, também assinou o documento.

Visões Contrastantes: Otimismo vs. Preocupação

Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, diverge desse movimento de cautela em relação às IAs. Para o doutor em Inteligência Artificial, a evolução dessas tecnologias é tão natural quanto o crescimento que elas podem impulsionar. Acima de tudo, ele argumenta que, ao longo da história, a humanidade sempre enfrentou mudanças disruptivas, e a IA não é exceção. A questão, portanto, é como nos adaptamos e aproveitamos essas transformações.

Legitimidade das Preocupações

Mas será que as preocupações em torno das IAs são legítimas? A perda de empregos é frequentemente apontada como um risco iminente. No entanto, também devemos considerar os benefícios potenciais: automação de tarefas repetitivas, diagnósticos médicos mais precisos, otimização de processos industriais e muito mais. Em suma, ainda há muito a aprender sobre o impacto real da IA no mercado de trabalho e em nossas vidas.

O Desconhecido e o Potencial Inexplorado

Por fim, o que as IAs podem fazer por nós que ainda não compreendemos totalmente? Talvez estejamos apenas arranhando a superfície de suas capacidades. Desse modo, à medida que avançamos, é crucial manter um olhar crítico e otimista, buscando equilibrar os riscos com as oportunidades.

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