Educação como ponte para transformação digital e empregabilidade na construção civil

A construção civil é um dos pilares da economia mundial, fundamental para o desenvolvimento urbano e a criação de infraestrutura. No entanto, o setor enfrenta desafios significativos, principalmente no que tange à escassez de profissionais especializados, à desvalorização da carreira e à insuficiência de investimento em capacitação — obstáculos que precisam ser superados para que a construção civil possa evoluir e acompanhar a transformação digital.

O Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE) realizou uma pesquisa que revela que 50,5% das empresas que utilizam processos industrializados enfrentam carência de mão de obra qualificada; 36,5% lidam com a falta de especialização dos projetistas; e 28,2% encontram dificuldades devido à baixa aptidão dos gestores.

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Lacuna na formação profissional

Com estes dados demonstramos uma lacuna considerável na formação profissional dentro do setor. Certamente, a construção civil, tradicionalmente associada a métodos convencionais, necessita urgentemente de um upgrade educacional para se adaptar às novas tecnologias e processos industriais.

Inegavelmente, a transformação digital é uma necessidade, não apenas uma tendência. Assim, tecnologias como BIM (Building Information Modeling), drones para mapeamento de terrenos, impressão 3D para construção e uso de IoT (Internet das Coisas) para monitoramento de obras estão revolucionando o segmento. Contudo, os profissionais precisam estar preparados e qualificados para implementá-las de forma eficaz.

Escassez não só de quantidade, mas também de qualidade

Essa escassez não é apenas uma questão de quantidade, mas também de qualidade. Um dos problemas mais críticos é a falta de jovens qualificados entrando no setor, exacerbada por uma preferência cultural da geração mais jovem por carreiras que ofereçam maior flexibilidade e desenvolvimento profissional em áreas mais tecnológicas. Além disso, quase 25% dos trabalhadores da construção têm 55 anos ou mais, o que indica uma onda iminente de aposentadorias que pode agravar ainda mais a situação.

Os jovens preferem autonomia a carreiras tradicionais no mercado de infraestrutura, o que está provocando um ‘envelhecimento’ da mão de obra. Empresas de aplicativos estão liderando ao treinar esses jovens, e a construção civil deveria seguir o mesmo caminho.

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O papel da educação

A educação é a chave para superar esses desafios. Em suma, instituições de ensino e organizações devem investir em programas de capacitação contínua, oferecendo cursos técnicos e superiores voltados para as novas demandas do mercado.

Universidades e construtoras podem criar parcerias para desenvolver currículos que atendam às necessidades reais do setor, promovendo a inovação e a aplicação prática do conhecimento.

Educação profissional deve ser valorizada desde a base

Também é fundamental que a educação profissional seja valorizada desde a base. Programas de orientação vocacional, que apresentem a construção civil como uma carreira promissora e repleta de oportunidades, podem atrair jovens talentos.

As novas gerações buscam autonomia e flexibilidade; para tanto, a criação de estágios, programas de trainee e mentorias são maneiras eficazes de atraí-las para o setor. Oferecer um ambiente de trabalho moderno, que valorize a tecnologia e a inovação, pode ser um grande diferencial na retenção desse público.

Começar a aprender, o primeiro passo

Primeiramente, é essencial começar a aprender. Jovens e profissionais em transição de carreira devem ser introduzidos às novas tecnologias, técnicas e práticas que estão moldando a construção civil. Para isso, programas de iniciação oferecem uma base sólida e se alinham às demandas emergentes do setor.

À medida que os profissionais avançam em sua formação, eles devem focar no saber fazer o serviço. Nesse estágio, a educação deixa de ser apenas teórica e passa a ser altamente prática.

Cursos técnicos avançados, laboratórios de construção e projetos em colaboração com empresas do setor permitem que os alunos apliquem o conhecimento adquirido em situações reais. Além disso, essas iniciativas preparam os alunos para enfrentar os desafios diários no campo de trabalho.

Programas de estágio, trainee e mentorias

Finalmente, o passo crucial é atuar: entrar no mercado de trabalho com a confiança de quem já foi treinado para lidar com as necessidades específicas da indústria. Programas de estágio, trainee e mentorias têm um papel fundamental aqui, permitindo que os novos profissionais ganhem experiência prática sob a supervisão de mentores experientes.

Além disso, participar de projetos que valorizam a tecnologia e a inovação garante que esses profissionais não apenas estejam preparados para o presente, mas também capacitados para liderar o futuro do setor.

Com esforços conjuntos de empresas, instituições educacionais e políticas públicas, é possível criar um setor mais forte e preparado para as demandas de um século disruptivo.

Educação: Transformação Digital na Construção

Por Paola Regazoni Torquato, diretora-executiva da SteelAcademy, vertical do Grupo SteelCorp, empresa especializada em construções modulares de alto padrão em Light Steel Frame. Paola é graduada em Direito pela Faculdade Cândido Mendes e possui MBA em Marketing Empresarial pela Universidade Federal Fluminense, Gestão Empresarial na Fundação Getúlio Vargas e Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão pela Universidade Federal Fluminense.

🎧Ouça o episódio 191 do podcast RH Pra Você Cast, “Novo certificado de saúde mental: o que, afinal, é esperado das empresas?”

Em março, entrou em vigor a Lei 14.831, que estabelece um certificado reconhecendo empresas como promotoras do bem-estar e qualidade de vida de seus colaboradores.

Mas o que exatamente essa lei exige?

Será que as práticas comuns são suficientes para obter a certificação?

Em suma, a advogada Maria Lucia Benhame, especialista em direito empresarial, nos orienta sobre essa nova legislação. Confira!

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