Do Diploma às Soft Skills: como as microcertificações estão transformando o Ensino Superior. Nos últimos anos, uma revolução ocorreu no modelo de aprendizado e na busca por novas habilidades.

A nova economia trouxe a necessidade urgente de adaptação constante e, consequentemente, ciclos mais ágeis de formação. Com isso, a oferta de microcertificações profissionais ganhou prioridade nas instituições de ensino superior, que buscam sobreviver no mercado.

Para tudo na vida há o momento de adaptação, de adequação. Não está sendo diferente com as universidades, que enfrentam, então, o desafio de inovar para atrair estudantes em uma era onde as habilidades se tornam tão valiosas quanto os diplomas.

Mudanças significativas no mercado de trabalho, impulsionadas pela automação, Inteligência Artificial e outras tecnologias emergentes redefiniram as competências necessárias para o sucesso profissional. Neste momento, os empregadores valorizam não apenas os conhecimentos técnicos, adquiridos no ensino tradicional, mas também as habilidades interpessoais, as soft skills.

Inteligencia artificial

Segundo uma nova pesquisa, realizada pela plataforma Coursera, tanto os estudantes quanto os empregadores encaram o desenvolvimento de soft skills como o caminho mais viável entre a educação e a empregabilidade. Mas, você sabe o que significa este termo?

Soft Skills

Nada mais são que habilidades comportamentais, formas de se portar, relacionadas à maneira como o profissional lida com o outro e consigo mesmo, em diferentes situações. Podem ser entendidas como habilidades subjetivas, que não são passíveis de mensuração, um novo conceito de desenvolvimento pessoal moderno.

Trata-se de ferramentas, como a tradução do termo sugere, que podem ser aprimoradas e que auxiliam quem planeja ingressar no mercado de trabalho e também ter ganhos pessoais, no relacionamento interpessoal, proporcionando até uma melhora de qualidade de vida e de bem-estar. Pode-se dizer que é um entendimento sobre si que vai reverberar no outro e na projeção profissional.

Dentre as soft skills mais valorizadas e reconhecidas pelos empregadores, estão a ética, o trabalho em equipe, a comunicação eficiente e efetiva – entrando aqui a comunicação não-violenta -, a resiliência, a capacidade de liderança e o pensamento e análise críticos.

Pesquisa da Plataforma Coursera

Com o título de Advancing Higher Education with Industry Micro-Credentials, o estudo foi realizado pela Coursera e entrevistou 5 mil alunos e empregadores em 11 países.

Para se ter uma dimensão da relevância dessas soft skills, a pesquisa revelou que cerca de 90% dos estudantes, em todo o mundo, concordam que cursos, as chamadas microcertificações, vão ajudá-los a se destacar no mercado de trabalho.

Enquanto isso, 77% dos empregadores relatam já explorar ativamente a contratação baseada em competências.

Microcredenciais

Mais um termo para compreender esse novo formato. As microcredenciais são qualificações que certificam resultados de aprendizagem em cursos de curta duração, que podem ser oferecidos em três modalidades: presencial, on-line ou híbrida, sendo a última a combinação dos dois formatos anteriores, de acordo com a necessidade.

Diante dessa comprovada tendência, as universidades precisam integrar os atuais programas de graduação com essas microcredenciais, que ensinam habilidades profissionais, como gerenciamento de projetos e análise de dados.

Complementar as ofertas atuais de programas de graduação com Certificados Profissionais aumenta, em média, 76% a probabilidade de os alunos se matricularem neste programa, segundo o estudo. Ao fazê-lo, as instituições de ensino superior aumentam sua posição competitiva no processo.

Lifelong Learning e Microcertificações profissionais

Adaptabilidade, colaboração e resolução de problemas tornaram-se moedas valiosas no mundo corporativo. Diante desse cenário, surge a necessidade de um compromisso com a aprendizagem ao longo da vida, conhecido como lifelong learning. A ideia de que a educação não se limita ao período acadêmico inicial, mas é um processo contínuo ao longo da carreira, tornou-se essencial.

As instituições de ensino superior precisam se adaptar a essa nova realidade, oferecendo oportunidades flexíveis e acessíveis para que os alunos continuem a desenvolver suas habilidades ao longo do tempo.

No entanto, a mencionada pesquisa mostra que, embora 83% dos líderes institucionais concordem que o ensino superior é impulsionado pelos resultados do trabalho, apenas 56% acreditam que a sua instituição tenha um processo para avaliar como os programas de graduação se conectam diretamente aos resultados de emprego.

A conclusão a que se chega é que complementar o currículo com microcredenciais da indústria é uma forma de as instituições de ensino superior vincularem a aprendizagem ao emprego.

Integração com graduações e soft skills

A oferta de microcertificações não deve ser vista como uma substituição, mas como uma extensão valiosa aos cursos de graduação. As instituições de ensino superior podem criar programas que combinem uma base sólida de conhecimentos acadêmicos com a flexibilidade e relevância das microcertificações.

A abordagem híbrida proporciona aos alunos uma educação abrangente e adaptada, preparando-os para enfrentar os desafios dinâmicos do mundo profissional.

Isto é, as certificações focadas em habilidades específicas e prontas para o mercado oferecem uma maneira rápida e eficiente de os alunos adquirirem conhecimentos especializados, mas é preciso que eles tenham a base do saber consolidado: a graduação é apenas o início da jornada.

Vantagens para estudantes e empregadores

A abordagem centrada em habilidades, com a oferta de microcertificações, beneficia tanto os estudantes quanto os empregadores.

Os alunos podem personalizar sua jornada educacional, adquirindo habilidades específicas alinhadas com seus objetivos profissionais. Ao mesmo tempo, os empregadores se beneficiam ao contratar profissionais que possuem um conjunto diversificado de habilidades prontas para o trabalho, proporcionando um ambiente de trabalho mais inovador e competitivo.

Projeção de nova realidade

Em suma, o futuro da aprendizagem está intrinsecamente ligado à flexibilidade, adaptabilidade e relevância. As instituições de ensino superior que abraçam a inovação, incorporando microcertificações profissionais em seus programas, estarão na vanguarda da transformação educacional.

Ao fazer isso, as universidades não apenas atendem às demandas do mercado de trabalho contemporâneo, mas capacitam os alunos a prosperarem em um mundo que valoriza tanto o conhecimento técnico quanto as habilidades interpessoais.

É hora de abraçar o futuro da aprendizagem e criar uma ponte sólida entre a academia e o mundo profissional em constante evolução.

Do Diploma às Soft Skills: microcertificações no Ensino Superior

Por Juliana Suzin, empreendedora, CEO da edtech Startup Academy e professora de Administração da Unisinos.

 

 

Ouça o episódio 155 do RH Pra Você Cast, “O impacto da Geração Z nas relações de trabalho“. Pela primeira vez, quatro gerações dividem o mesmo ambiente de trabalho no mundo corporativo. Uma delas, a Geração Z, tem trazido diversas transformações e reflexões ao mercado de trabalho. Mas será que as empresas, líderes e RH conseguem entender o que esses jovens buscam e almejam para suas carreiras? O que tudo isso exige de revisão por parte da gestão de pessoas e como se tornar um “parceiro estratégico” desses profissionais? Neste episódio, conversamos com a doutora especialista em Geração Z, Thaís Giuliani, também consultora, mentora, escritora e criadora da Geração Zimago. Acompanhe:

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