Autonomia feminina e empoderamento no ambiente corporativo: mais que igualdade, é sobre liberdade de escolha

Por que, em pleno 2025, as mulheres ainda precisam lutar para conquistar autonomia financeira e igualdade real no mercado de trabalho? Apesar dos avanços, a realidade é que as mulheres recebem, em média, 20,7% a menos do que os homens no setor privado, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Essa disparidade afeta diretamente a autonomia feminina, pois limita oportunidades, compromete o reconhecimento e impacta a liberdade de escolha, a saúde mental e o desenvolvimento de carreira das mulheres.

Falo com propriedade sobre isso. Quando entrei na faculdade de Ciências da Computação, há 20 anos, éramos apenas cinco mulheres em uma sala com 95 homens. Já no início da minha trajetória, experimentei o preconceito: muitas vezes me davam tarefas secundárias, enquanto os projetos de maior visibilidade ficavam com os colegas homens.

Mas, felizmente, vejo que muita coisa mudou de lá para cá — e ainda bem! Hoje, tenho a sorte de poder escolher meu time, e faço questão de buscar a diversidade e a inclusão em cada decisão. Entendo, na prática, que empatia não tem gênero. Busco criar um ambiente onde homens e mulheres se sintam valorizados, respeitados e ouvidos.

Hoje mesmo, entrevistei uma candidata para uma vaga de Product Owner. Durante a conversa, ela me disse: “Sabe o que mais gostei? É que estou passando por entrevistas com mulheres, tanto com você quanto com a PM que já me entrevistou”.

Esse tipo de comentário reforça a importância de termos representatividade em todos os momentos do processo — inclusive nas entrevistas.

No meu time, incentivo que todos possam se mostrar vulneráveis, porque acredito profundamente que vulnerabilidade não é fraqueza, é fortaleza. E essa força não tem gênero. Criamos laços mais fortes, colaboração mais genuína e, principalmente, ambientes mais saudáveis quando cultivamos empatia no dia a dia.

Responsabilidades familiares e escolhas financeiras: o peso invisível

Mesmo com os avanços, a realidade é que muitas mulheres ainda carregam sozinhas o peso das responsabilidades familiares, o que influencia diretamente suas decisões profissionais e financeiras. O custo da maternidade — em tempo, em energia e em oportunidades — é real e impacta o ritmo de crescimento na carreira.

Sem suporte, muitas mulheres acabam aceitando condições de trabalho inferiores, abrindo mão de estabilidade e de autonomia financeira. É um ciclo silencioso que precisa ser quebrado.

Recentemente, vivi uma situação que ilustra bem esse peso invisível. Uma funcionária, que estava há poucos meses na empresa, me procurou para contar que estava grávida. Eu percebi, na fala dela, uma apreensão, um receio — como se a gravidez fosse algo errado, algo que poderia ser mal visto no meio corporativo. E, na hora, fiz questão de quebrar essa expectativa: disse a ela que aquela era uma notícia maravilhosa, e que eu estava muito feliz por ela. Porque é isso que é — uma notícia de alegria.

Esse tipo de cuidado, de acolhimento real, é fundamental para que mulheres não precisem escolher entre a vida pessoal e o sucesso profissional.

Para mudar essa realidade, não basta oferecer políticas de igualdade salarial. É preciso construir ambientes que realmente apoiem a mulher em todas as etapas da sua vida: da maternidade ao crescimento na liderança.

O papel das empresas e dos líderes

Empresas que desejam transformar essa realidade precisam agir de forma concreta: criando ambientes flexíveis, oferecendo programas de educação financeira, investindo no desenvolvimento de lideranças femininas e, acima de tudo, cultivando culturas organizacionais baseadas na inclusão e no respeito.

A igualdade de gênero não é apenas uma questão de justiça — ela é estratégica. Empresas diversas inovam mais, performam melhor e se conectam de forma mais verdadeira com seus clientes e suas comunidades.

Como líderes, temos a responsabilidade de garantir que a transformação não fique apenas nos discursos. É na prática, nas pequenas decisões diárias, que mostramos que inclusão e empoderamento são valores reais para nós.

Mudança estrutural exige coragem. E não podemos mais aceitar que a busca por igualdade seja tratada apenas como uma pauta bonita.

Eu acredito que empoderamento é liberdade de escolha — e que ambientes mais diversos e inclusivos não apenas potencializam negócios, mas criam culturas mais humanas, mais colaborativas e mais fortes.

autonomia feminina_foto da autora

Por Vivian Muniz, Vice-Presidente de Produto, Marketing e Customer Service na Fully Ecosystem, plataforma de bem-estar que oferece soluções integradas de saúde física, mental e financeira.

 



🎧Ouça o episódio 196 do podcast RH Pra Você Cast:

“Os desafios – e as recompensas – do empreendedorismo feminino”.
Entenda o Que Você Quer

Para Juliana Queissada, CEO da Queissada Comunicação e colunista do RH Pra Você, o sucesso começa com um ponto fundamental: saber o que quer.

Experiências de uma Empreendedora

Neste episódio, Juliana compartilha suas experiências como empreendedora. Nesse sentido, ela explica por que a comunicação é um grande desafio para muitas empresas.

A Importância da Comunicação

Juliana destaca que a comunicação é crucial para o sucesso empresarial. Contudo, muitas empresas enfrentam dificuldades nessa área, tornando-a um desafio significativo.

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