A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que entra em vigor em maio, marca um ponto de inflexão para organizações brasileiras. Mais do que uma diretriz técnica, a mudança regulatória sinaliza a exigência por um novo olhar sobre a saúde mental no ambiente de trabalho – e chega em um momento crítico.
Em 2024, mais de 440 mil trabalhadores foram afastados por transtornos mentais e comportamentais — um recorde histórico. Além disso, houve um aumento de quase 67% em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Previdência Social.
NR-1 e a gestão dos riscos psicossociais
Diante deste contexto, a nova NR-1 assume um foco claro: riscos psicossociais precisam ser mapeados, avaliados, monitorados e, principalmente, enfrentados com ações concretas. A norma não se limita à adoção de ferramentas e métodos. Por outro lado, ela exige das empresas uma postura proativa na identificação e eliminação das causas estruturais do adoecimento — como sobrecarga de trabalho, falhas de comunicação, conflitos e assédio.
No novo cenário regulatório, baixos índices de afastamentos e absenteísmo deixam de ser suficientes para a conformidade. Isso porque isolados podem mascarar subnotificações e fragilidades nos processos internos.
O que verdadeiramente importa é a existência de um programa consistente de gestão de riscos psicossociais, com indicadores, participação ativa dos trabalhadores e melhoria contínua de processos. Não à toa, a voz dos colaboradores passa a ter peso normativo: as empresas devem consultá-los regularmente sobre sua percepção em relação ao ambiente de trabalho.
Diante da pressão por compliance, as empresas passarão a ter agora um impulso para acelerar uma mudança estrutural e necessária. Se até aqui a pauta da saúde mental ganhou espaço sobretudo no discurso, agora é hora de construir uma cultura organizacional centrada no bem-estar, com investimento, estratégia e, sobretudo, engajamento.
Saúde Mental e a NR-1: ação coletiva e estratégia
Na prática, isso significa implementar programas voltados para o bem-estar físico e emocional e criar canais seguros de escuta. Também é essencial oferecer treinamentos em inteligência emocional, além de desenvolver lideranças mais preparadas para enfrentar os desafios da saúde mental nas equipes.
Outro ponto fundamental é a criação de comitês ou grupos de trabalho que integrem diferentes áreas e níveis hierárquicos. Esses grupos devem compartilhar responsabilidades e monitorar continuamente os avanços alcançados.
Tais abordagens favorecem a adaptação das estratégias à realidade de cada empresa e reforça a ideia de que o cuidado com a saúde mental é uma construção coletiva e contínua. A inclusão da escuta ativa dos trabalhadores como parte do processo também é um avanço importante. Ao integrar a percepção das pessoas ao planejamento das ações, a empresa amplia as chances de efetividade e reduz o risco de soluções genéricas ou distantes da realidade, potencializando os resultados práticos.
A atualização da NR-1 vai além de uma simples exigência legal. Ela representa uma oportunidade concreta de integrar a saúde mental às estratégias de gestão de risco. Além disso, a norma reflete seu impacto direto no desempenho organizacional, promovendo práticas que valorizem o bem-estar dos trabalhadores.
Por fim, trata-se de um chamado urgente para romper com a inércia e implementar ações que já estão presentes no discurso corporativo há tempos. Nesse sentido, é essencial que o trabalho seja reconhecido como um espaço de desenvolvimento pessoal e profissional. Ademais, ele não deve ser um ambiente que propicie o adoecimento.
As novas regras estão postas. Agora cabe a cada organização decidir como irá se adequar: por obrigação ou por consciência?
Por Rui Duarte Brandão, Co Founder de Zenklub e VP de Saúde Mental da Conexa.
🎧 Ouça o episódio 143 do RH Pra Você Cast: “Inclusão 50+: Oportunidades e Desafios para o Futuro do Trabalho”
O episódio 143 do RH Pra Você Cast mergulha no tema da inclusão etária no ambiente profissional e a construção dos times intergeracionais. Com o título provocativo “Inclusão 50+, bom para o presente e para o futuro (de todos nós)”, exploramos como a coexistência de diferentes gerações pode ser uma força motriz para empresas e profissionais.
O Dilema das Gerações
- O Questionamento Pessoal: Imagine-se daqui a cinco ou dez anos. Essa reflexão, frequentemente feita em processos seletivos, não é simples. Especialmente para o público 50+, que enfrenta estereótipos e incertezas quanto ao futuro profissional.
- O Choque Geracional: Pesquisas indicam que a interação entre gerações é benéfica para todos. Contudo, como garantir que os profissionais mais experientes não sejam deixados para trás?
Mudando o Panorama
- Inclusão como Prioridade: Precisamos mudar a narrativa, pois a inclusão de profissionais 50+ não é apenas uma questão de justiça social. Inegavelmente é também estratégica para as empresas.
- Vantagens da Mescla Geracional: A diversidade etária traz criatividade, resiliência e diferentes perspectivas. Como podemos aproveitar esses benefícios?
Conversa com um Especialista
Neste episódio, tivemos a honra de entrevistar Mórris Litvak, Fundador e CEO da Maturi. Com efeito, ele compartilhou insights sobre como desenvolver mecanismos de inclusão e promover um ambiente de trabalho que valorize todas as idades.
🎧 Clique no app abaixo e ouça o episódio completo! Descubra como a inclusão 50+ é uma oportunidade para todos nós construirmos um futuro profissional mais rico e diversificado.
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