Felicidade e liderança
A busca pela felicidade se tornou um dos temas centrais da vida moderna bem como, no mundo corporativo, para o time de liderança. Cada vez mais vemos pessoas procurando respostas para alcançar um estado de plenitude, que parece sempre distante devido aos desafios do atual mundo BANI – acrônimo de Brittle (Frágil), Anxious (Ansioso), Non-Linear (Não-Linear) e Incomprehensible (Incompreensível).
Mas o que realmente significa ser feliz?
Como podemos nos aproximar dessa felicidade de forma sustentável? E por que essas questões vêm impactando tanto as lideranças e o sistema corporativo como um todo?
Ser feliz o tempo todo?
O primeiro ponto que deve ser levantado é que ninguém consegue estar – e muito menos ser – feliz o tempo todo.
Num cenário ideal, durante nossa rotina diária, precisamos estar, no mínimo, 70% no presente, 20% no futuro e 10% no passado, mas grande parte da população inverte as proporções e passa mais tempo no passado (que leva a depressão) ou no futuro (que gera a ansiedade).
No fundo, esperamos pelo dia em que seremos felizes e esquecemos de viver o hoje em sua plenitude, aproveitando os pequenos momentos, que é onde pode estar a nossa felicidade. E este é apenas um dos motivos pelos quais as pessoas fracassam nesta missão.
Assim sendo, especificamente no universo corporativo, a busca pela felicidade vai além de um simples desejo pessoal; tornou-se um fator estratégico para o desenvolvimento de times e negócios.
Liderança: novas formas
Ainda sentimos os impactos da pandemia de Covid-19 (2020 – 2023), que não apenas aceleraram mudanças estruturais nas empresas, mas também evidenciaram a necessidade de novas abordagens.
O conceito de liderança positiva, no qual a liderança atua como facilitador do bem-estar emocional de suas equipes, desde então vem ganhando relevância. Com efeito, as organizações perceberam que ambientes de trabalho saudáveis, onde a felicidade é uma prioridade, resultam em equipes mais coesas, inovadoras e comprometidas com o crescimento.
Felicidade e produtividade
Um estudo da Saïd Business School, intitulado “A felicidade melhora a produtividade do trabalhador?“, constatou que profissionais felizes performam 12% melhor. Essa elevação está associada a maior motivação, engajamento e criatividade, além da redução de erros, pois trabalhadores infelizes tendem a ser mais distraídos, aumentando a ineficiência.
No entanto, a felicidade no trabalho vai além: trata-se de construir uma cultura organizacional baseada no autoconhecimento, autorresponsabilidade e descoberta/realização do propósito para cada membro da equipe, fatores que sustentam uma gestão autêntica e eficaz.
CNPJs e CPFs
Neste sentido, antes de ser um CNPJ, todo time é formado por líderes e colaboradores individuais, ou seja, CPFs. Se esses CPFs não estiverem emocionalmente equilibrados e em alinhamento com seus valores, naturalmente o CNPJ não alcançará os resultados desejados.
Essa visão é reforçada pelo “Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto”, conduzido pela Universidade de Harvard ao longo de 85 anos, que revelou que o fator mais determinante para uma vida longa e feliz não é a riqueza, a saúde física ou o sucesso profissional, mas sim a qualidade dos relacionamentos.
Este insight tem sido aplicado ao ambiente corporativo, onde líderes que cultivam relações saudáveis, empáticas e transparentes com suas equipes criam ambientes de trabalho mais ágeis e produtivos.
Mas afinal, onde está a felicidade?
Para aqueles que buscam felicidade em resultados externos – seja na carreira, no dinheiro ou em status – o caminho pode parecer uma batalha constante. No entanto, o verdadeiro sucesso começa dentro de cada um de nós.
Precisamos compreender que a felicidade não é um destino ou uma fórmula pronta. Ela nasce das nossas ações. Como bem disse Dalai Lama, “a felicidade não é algo pronto. Ela nasce dos seus atos”.
Indo além, a felicidade não procura por vítimas, mas por aqueles que desejam se responsabilizar por suas vidas, buscar o autoconhecimento e agir com coragem, construindo a cada dia um caminho de plenitude e realização.
É por isso que entre nossas escolhas diárias, devemos assumir um compromisso constante com o próprio crescimento/amadurecimento e com a transformação de desafios em oportunidades.
Por Vanda Lohn, mentora e consultora de Negócios e Posicionamento de Liderança e Carreira, com especialização em Inteligência Sistêmica. Doutora em Ética e Sustentabilidade, com mestrado em Responsabilidade Social e mais de 35 anos de experiência em Administração. É autora do livro “A felicidade não procura por vítimas – Do eu soterrado ao arqueólogo do ser”, publicado em 2024 pelo Grupo Editorial Scortecci.
🎧 “Bem-Estar Corporativo em 2024: Desafios e Tendências”
No episódio 176 do RH Pra Você Cast, mergulhamos no universo do bem-estar corporativo e suas nuances. Embora o tema seja essencial, enfrentamos desafios e “incompatibilidades” que podem afetar a qualidade das estratégias implementadas nas organizações.
O Papel do Bem-Estar nas Empresas
- Complexidade do Bem-Estar: O bem-estar corporativo abrange diversas dimensões, e sua relevância não pode ser subestimada. Mas como equilibrar saúde física, mental e emocional no ambiente de trabalho?
- Incompatibilidades e Desafios: Ainda existem obstáculos a superar. Como garantir que as estratégias de bem-estar sejam eficazes e atendam às necessidades dos colaboradores?
Perspectivas para 2024
- Entrevista com Renato Basso: O VP de Pessoas Global do Gympass, Renato Basso, compartilha insights do estudo “Panorama do Bem-Estar Corporativo”. Quais são as tendências e expectativas para o futuro?
🎧 Confira o episódio completo. Assim, esteja preparado para as transformações no cenário do bem-estar corporativo!
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